quarta-feira, 22 de abril de 2015

Todo palhaço coloca um fim no carnaval...

Arte de Luluyse
Ela levantou num dia como outro qualquer, se olhou no espelho, sorriu seu melhor sorriso, percebeu o quanto a natureza tinha sido delicada em talhar seus traços, e foi fazer qualquer coisa que não vem ao caso nessa história. O que vem ao caso é que, como naqueles filmes americanos em que a mocinha tropeça e o mocinho a salva de cair, ela esbarrou nele.

Bonito, bonito ele não era, mas tinha um quê de amor. Porque o amor não escolhe belezas, ele simplesmente se esconde nelas, e espera que nós o encontremos num olhar, num suspiro, numa meia luz de um bar qualquer. E foi num piscar de olhos nessa meia luz que ela reconheceu o amor.

Há uma história de um velho escritor controverso, famoso mas não muito benquisto pela academia, na qual ele fala sobre um ponto luminoso sobre os ombros [ou seria nas orelhas?!] da suposta cara metade. Não pergunte porque esta narradora estúpida se lembrou dessa história agora, muito menos de onde tirei coragem em citar algo deste cidadão.

De qualquer forma, era como se ela tivesse visto nele aquele ponto luminoso. Era como se aquele, até então, completo estranho, tivesse se tornado sua alma gêmea a partir daquele momento.

E eles sorriram, e riram, se tocaram e se sentiram por dias que pareceram anos [ou seriam anos que pareceram dias?], até quando um deles resolveu se afastar.

Como acontece em toda boa história de amor, todo carnaval tem seu fim...

Anos depois eles se reencontraram. Tornaram-se amigos, ao menos, tentaram uma amizade possível depois de tantos sentimentos compartilhados. Só que ela continuava vendo o tal ponto luminoso, e, apesar de todos os avisos de "Pare já com isso!", se pensou forte o suficiente para encarar uma nova tentativa.

Afinal de contas, Vinicius já cantou tantas e tantas vezes que a vida só se dá pra quem se deu. Qual era o problema em tentar novamente? Quem sabe ela, enfim, teria a vida dada em suas mãos?

Foram meses e meses de beijos, camas, bons dias e sorrisos, não necessariamente nessa mesma ordem. Como se o Carnaval tivesse se estendido fora de época.

Um belo dia ele queria conversar. E você e eu sabemos bem que essa história de "Quero conversar" é sempre caixão e vela preta, não sabemos?  Pois bem, não era assim, tão radical, mas ele estava inseguro, não sabia se queria relacionamento sério, se era hora de namorar, essas coisas todas que seriam normais em um adolescente, mas não em um homem de 40 anos.

Ah, eu não havia dito a idade deles, não é? Pois muito bem, foi de propósito. Quero que, agora, você imagine um homem de 40 anos e uma mulher de quase 40 [mas com alma, corpo e coração de 20] tendo um caso assim, indeterminado, elíptico. Amigos, confidentes, amantes, mas não namorados. Ele não queria namorar.

Ele aparecia, de repente, num Sábado qualquer, e ela, sempre com os olhos no ponto luminoso, não conseguia dizer não. Só mais essa vez, ela tentava convencer a si mesma. Dessa vez vai dar certo, ela pedia, com as mãos elevadas, ao Deus que existia dentro de si mesma.

E então, numa segunda-feira qualquer, ela acordou com um peso nos ombros, com aquela sensação de não pertencer a esse mundo, como se algo tivesse se quebrado e ela não soubesse o quê nem como. Quando abriu a tal da rede social semeadora de discórdia, se deparou com um "Em um relacionamento sério". Mas péra, não era com ela! Como assim não era com ela?! Ele estava com ela até dois dias atrás! Ele a havia apresentado pros amigos, e dito "nossa casa"! Ele... Ele estava namorando, e não era com a nossa mocinha.

Ela, então, transformou toda aquela dor em lágrimas, e chorou não pela perda dele, mas pela perda de si mesma. Todos os sonhos, os planos, os sorrisos futuros e planejados haviam se acabado ali, no número final do Palhaço da vez, num aviso de status de uma rede social.

Ele poderia ter deixado claro que, veja bem, era só físico. Que, veja bem, a gente não deve fazer planos porque eu não quero planos com você. Que, veja bem, meu bem, eu não sou homem pra você e você não é mulher pra mim. Mas não, ele preferiu se esconder numa personagem a se mostrar, a mostrar pra ela o que realmente queria, ou não queria.

E naquela segunda-feira fria ela chorava por não ter visto. Visto os sinais, as atitudes, os avisos do Universo. Mas, Dona Mocinha da nossa história, não dava pra ver tudo isso, modiquê você estava olhando pro ponto luminoso. E aquele tal de ponto luminoso neon/fluorescente/odiaboaquatro da tal cara metade cega a gente, viu! Você desejava tanto que aquele ponto luminoso fosse de verdade, que acabou se esquecendo de olhar ao redor, e ver que era apenas o reflexo do amor que você carregava no seu coração.

Não pense que isso faz de você uma boba, não! Isso acontece com todo mundo que se deu. O que o Poetinha esqueceu de explicar é que nem sempre a vida se dá da melhor forma possível, ao menos, não da forma como a gente queria que ela se desse.

Olha, Mocinha, se eu pudesse te dar um conselho, pediria licença pra outra mocinha, do Elizabethtown, e te diria o seguinte:

"Abrace a tristeza por cinco minutos. Encare-a. Beije-a. E a esqueça. Cinco minutos. E prossiga"

Essa tristeza aí precisa ser vivida, afinal de contas, são pedaços de você que foram despedaçados. Agora, quanto ao palhaço lá, deixe que dele a vida cuida. Que ele seja feliz, se conseguir. Que ele nunca mais cruze seu caminho. E que se cruzar, você, em vez do tal ponto luminoso, veja um aviso bem grande de ALERTA na testa de palhaço dele.

E não deixe de continuar se dando, se permitindo, mesmo que todas as tristezas do mundo caim de seus olhos e que você tenha medo. Vamos combinar assim: eu te dou a mão, e a gente pula junto! Se cairmos, ao menos teremos companhia.

Ah, eu não te contei? A Mocinha é amiga da narradora. É... E olha, sorte deste tal palhaço que a narradora é uma invenção, pois, do contrário, iria botar fogo no circo e mandar o palhaço pros quintos dos infernos. Mas ó, nem vale a pena sentir ódio, porque isso faz mal pro coração.

E em vez de terminar esse texto, vou deixar umas reticências bem bonitonas aqui. Sabe por que, Mocinha? Porque quero vir depois e contar a história de que você foi feliz para sempre. Quero poder contar pra esses leitores curiosos daqui que você voltou a sorrir e largou mão dessa história de ponto luminoso [Afinal, uma coisa inventada por aquela criatura da Sociedade Alternativa só poderia ser furada!]. Quero dizer que única luz que você percebe agora é essa dentro de você, que ilumina seu caminho e a protege do escuro do medo.

Esse medo aí, que você está sentindo agora, de nunca mais ser capaz de se dar. E ó, eu venho cá dar outro conselho do seu Vinicius: o amor só é bom se doer. E essa dor não é pelo outro não, viu! É por você mesma! Porque o amor, esse tal de amor, é mais nosso que do outro. O outro poderia ser qualquer outro [o trapezista, o malabarista, o vendedor de pipocas], mas esse amor só pode ser seu. Mesmo que doa, guarde-o com carinho, modiquê é ele que vai fazer esse seu sorriso lindo voltar a brilhar.

E deixemos o Carnaval pra fevereiro. Enquanto isso, vivamos essa festa animada, surpreendente, doida e doída que é a vida! Que tal?

Ah! Já ia me esquecendo das
...

[Ps: Essa é uma história inspirada em uma história real. Não é minha, por isso não citei nomes. Mas poderia ser minha. Poderia ser a sua. A da sua amiga. Poderia ser de qualquer uma de nós. Por isso, se você encontrar um Palhaço desses por aí, atropele {ou esquarteje} sem dó, afinal, a gente nunca sabe quando ele vai querer colocar um fim no seu Carnaval. ;)]

Patrícia Pirota
Agosto de 2013

sexta-feira, 10 de abril de 2015

De todas as formas...

De todas as formas

De todas as formas indizíveis [e dizíveis]
eu disse o quanto gostava de você.
Abri a porta da minha vida,
e com delicadeza pedi pra você entrar.
Você não quis,
ficou parado na soleira
enquanto um vendaval me arrebentava o peito.
Logo eu,
que não queria ser a última romântica,
dei-te a flor mais bela do meu jardim.
Tão bobo dizer isso agora...
Agora que você mostrou
que pra você sou só mais uma pra coleção de lembranças...
Queria ter você ao meu lado,
mas você não teve coragem,
não pagou pra ver.
Agora ficamos assim:
Você aí, fora.
Eu cá, dentro.
Eu não saio.
Você não entra.
E meu amor vai minguando cada dia um pouco mais...
Vou ali fazer café.
Se quiser, entra
A porta continua aberta
Mas não demora,
que logo vem o vento da desesperança
e fecha.
A porta e o meu coração.

Patrícia Pirota
Num desses invernos da alma de 2000 e tantos...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

III - Sobre a brevidade da vida [Sêneca]

Essa é a carta III do livro Sobre a brevidade da vida, de Sêneca, traduzido por Lúcia Sá Rebello e publicado pela Editora L&PM Pocket.

Prefiro não estragar seu diálogo com Sêneca com minhas palavras. Ouça-o e absorva... Use seu tempo de forma prazerosa. Carpe diem! ;)

*******
1. Nenhum homem sábio deixará de se espantar com a cegueira do espírito humano. Ninguém permite que sua propriedade seja invadida, e, havendo discórdias quanto aos limites, por menor que seja, os homens pegam em pedras e armas. No entanto, permitem que outros invadam suas vidas de tal modo que eles próprios conduzem seus invasores a isso. Não se encontra ninguém que queira dividir sua riqueza, mas a vida é distribuída entre muitos! São econômicos na preservação do seu patrimônio, mas desperdiçam o tempo, a única coisa que justificaria a avareza.

2. Agradar-me-ia questionar qualquer um dentre os mais velhos: "Vemos que já atingiste o fim da vida, tens cem ou mais anos. Vamos, faz o cálculo da tua existência. Conta quanto deste tempo foi tirado por um credor, uma amante, pelo poder, por um cliente. Quanto tempo foi tirado pelas brigas conjugais e por aquelas com escravos, pelo dever das idas e vindas pela cidade. Acrescenta ainda as doenças causadas por nossas próprias mãos e também todo o tempo desperdiçado. Verás que tens menos anos do que contas.

3. Prescruta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu como o planejado? Quando usaste teu tempo contigo mesmo? Quando mantiveste uma boa aparência, o espírito tranquilo? Quantas obras fizeste para ti com um tempo tão longo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo? O quanto de tua existência não foi retirado pelos sofrimentos sem necessidade, tolos contentamentos, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu? Compreenderás que morrer cedo".

4. O que está em causa então? Viveste como se fosses viver para sempre, nunca te ocorreu a tua fragilidade. Não te dás conta de quanto tempo já transcorreu. Como se fosse pleno e abundante, o desperdiças e, nesse ínterim, o tempo que dedicas a alguém ou a alguma coisa talvez seja o teu último dia. Temes todas as coisas como os mortais, desejas tantas outras, tal qual os imortais.

5. Ouvirás a maioria dizendo: "Aos cinquenta anos me dedicarei ao ócio[17]. Aos sessenta anos, ficarei livre de todos os meus encargos". Que certeza tens de que há uma vida tão longa? O que garante que as coisas se darão como dispões? Não te envergonhas de destinar para ti somente resquícios da vida e reservar para a meditação apenas a idade que já não é produtiva? Não é tarde demais para começar a viver, quando já é tempo de desistir de fazê-lo? Que tolice dos mortais a de adiar para o quinquagésimo e sexagésimo anos as sábias decisões e, a partir daí, onde poucos chegaram, mostrar desejo de começar a viver?

[17]. Sêneca adverte contra aquela correria desvairada a que se entrega a maioria dos homens, que agem como animais, reiniciando sem cessar o mesmo movimento vão. Ora, essa inútil agitação não conduz senão ao esgotamento das forças físicas e à frustração mental. Ele não prega a preguiça, conforma afirma: "(...) não te convido à preguiça e nem à inércia" (XVIII, 2), apenas recomenda evitar a falsa operosidade e a fútil agitação.

Referência: SÊNECA, Lúcio Anneo. Tradução Lúcia Sá Rebello. Sobre a brevidade da vida. Porto Alegre: L&PM, 2008 p. 30-32

sábado, 4 de abril de 2015

Cinza

Minha poesia parou no muro.
No cinza da poluição.
No cinza da tristeza.
No cinza do suor.

Meu desalento pegou carona.
No cinza de teus olhos.
No cinza de um céu que chora.
No cinza de minhas mãos.

Meus amores foram-se embora
No cinza trem de uma estação qualquer.
Na cinza hora de um dia qualquer.
Na cinza desesperança de um coração qualquer.

Patrícia Pirota
Algum dia cinza de 2006

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Sobre amor-próprio, perfeição, Cinderela e Outono...

Às vezes, se estivermos atentos, a vida nos ensina lições através de acontecimentos pequenos, mas que, juntos, formam quebra-cabeças valiosos... E foi exatamente o que me aconteceu nos últimos dias.

Você deve estar se perguntando o que diabos tem a ver o título desse post... Dá cá a mão que te explico.

Dia desses, recebi de uma pessoa muito querida essa fofura de imagem do Snoopy que está no início do post. E depois de nossa conversa, fiquei dias pensando no quanto duvidamos no nosso próprio valor. No quanto precisamos ser valorizados pelo outro, mas nos esquecemos de valorizar a nós mesmos. No quão pouco amor-próprio nos resta depois de darmos todo o amor que temos para nossos desejos.

Na mesma semana, fui assistir ao novo filme da Cinderela com duas amigas queridas. Uma de nossas conversas se baseava no quão difícil seria encarar a realidade depois daquele conto de fadas tão lindo.

Uns dias depois, me deparei com essa imagem da Carrie [minha Drama Queen favorita], e comecei a me questionar sobre o nosso medo de não sermos perfeitos o suficiente para o outro.

E então veio o Outono, minha estação favorita, e que sempre me faz refletir [e voltar a escrever no blog]...

Nos cobramos tanto, nos preocupamos tanto com a perfeição, com ser o máximo que podemos ser, que acabamos nos esquecendo de apreciar quem somos e o que temos...

Não que eu queira defender uma atitude conformista diante da vida. Do tipo "Ah! Deixa eu me conformar com o que tem pra hoje, que 'tá bom.". Péra lá que não é assim... Eu só questiono essa nossa humana mania de sempre achar que pode ser melhor, e esquecer de que já é bom o suficiente.

Tudo bem querer uma casa melhor, um emprego mais bem remunerado, um namorado bonito, um corpo bacana, um cabelo de propaganda de xampu. Querer é bom, nos motiva, nos faz continuar lutando.

O problema é quando esse querer nos impede de ver e valorizar a quantidade de coisas boas que já temos. O ruim é quando nossos desejos nublam nossa visão a ponto de não nos deixarem apreciar aquilo que já conquistamos...

Se eu passar a vida pensando no quanto o futuro pode ser maravilhoso, ou então com saudades do passado, vou perder um presente que pode ser construído, e, mais do que isso, amado.

Ao nos olharmos no espelho [seja o de vidro, seja o da alma], sempre procuramos pelos defeitos. É raro que apreciemos o quanto nossos olhos são brilhantes, o quanto nossa boca tem um formato bonito, o quão gentis e criativos somos. Em vez disso, franzimos a testa ao ver aquela ruguinha tomando forma, odiamos nossa preguiça, ficamos bravos com aquela parte do cabelo que insiste em não parar no lugar, achamos que não somos inteligentes o bastante.

Não acho que precisemos fechar os olhos para os defeitos, mas sim que precisamos olhar pra nossa vida com olhos mais gentis.

Sua namorada pode não ter o corpo de Panicat e o rosto da Angelina Jolie, mas ela sorri pra você como se você fosse a pessoa mais especial do mundo todo; ela faz carinho nos seus cabelos com doçura; ela apoia até suas atitudes mais bobas e ri das suas piadas mais sem graça.

Seu namorado pode não ter os olhos e o sorriso do príncipe encantado da Cinderela, mas quando ele te abraça o mundo inteiro fica mais bonito; ele te faz rir até das coisas mais bobas; ele te apoia mesmo quando você está no máximo da TPM e diz que você é bonita, não importa o tamanho do seu jeans.

Você pode não ser tão inteligente quanto o Hawkings, ou tão empreendedor quanto o Jobs, ou tão talentoso quanto a Meryl Streep, ou tão engraçado quanto o Marcelo Adnet, ou tão [insira aqui uma característica que você aprecie] quanto [insira aqui uma pessoa que possua essa característica], mas você está aí, vivo, saudável, rodeado de coisas e pessoas que são importantes e especiais pra você.

Pare, por um minuto, pra pensar no quanto você já batalhou pra estar onde está.

Aprecie a vista do seu reino, das coisas que você conquistou, das pessoas que iluminam seus dias.


Não está contente com o que tem ou o lugar aonde chegou? 'Bora fazer alguma coisa pra mudar isso, mas sem esquecer que você é, SIM, bom o suficiente!

Não se esqueça de que você está rodeado de pessoas que estão ao seu lado não pelo que você será um dia, mas pelo que você é agora. Aprenda a gostar de quem você é, a acreditar que você é capaz e a apreciar aqueles que estão ao seu lado.

Não é porque não tenho aquela bendita cintura da Cinderela, nem a fada madrinha mais legal do universo e nem o príncipe mais lindo da história dos filmes dos contos de fadas que irei achar que só tendo tudo isso poderei ser feliz.

Eu tenho aquilo de que necessito e sou o resultado daquilo que faço. E se eu não tenho mais ou não sou mais, paciência. Se isso incomoda, preciso mudar, mas antes, preciso saber o porquê incomoda.

Será que incomoda só porque é o que não tenho? Será que incomoda porque o mundo diz que devo me incomodar? Ou será que incomoda porque não sou capaz de enxergar?

Não deixe de ter orgulho do que é, daqueles que estão ao seu lado e do que você tem.

Não se desespere porque não é perfeito. Ninguém é e nunca será perfeito! Cinderela é linda, tem uma cintura do tamanho de um biscoito globo, um príncipe delícia, mas é órfã. Assim como o Batman, o cara mais rico, gostoso e inteligente de Gothan City.

Os contos de fadas deveriam nos mostrar que, apesar das dificuldades, é possível ser feliz, e não que só podemos ser felizes se formos lindos, rycos e famosos e ainda tivermos em nossa cama o príncipe mais gato da paróquia.

Por isso gosto tanto do Outono...

Apesar de as folhas caírem, as árvores continuam orgulhosas daquilo que produziram. Elas não se deixam dobrar pelos ventos, e não derramam lágrimas pelas flores que já cumpriram seu papel. Pelo contrário, elas continuam fazendo seu trabalho, orgulhosas do que são, e esperando pelas novas flores, que iniciarão novos ciclos.

Assim é nossa vida, um constante ciclo de perder para ganhar... Um infinito recomeço...

Basta que tenhamos coragem o suficiente para seguir em frente, e gentileza o suficiente para apreciar os presentes que temos nas mãos...

"Have courage and be kind", dizia a mãe da Cinderela. E eu digo o mesmo para todos nós: sejamos corajosos o bastante para mudar o que não nos faz bem, e gentis o suficiente para apreciar o que somos.

[Observação: todas as imagens foram retiradas do Pinterest]