quarta-feira, 1 de abril de 2015

Sobre amor-próprio, perfeição, Cinderela e Outono...

Às vezes, se estivermos atentos, a vida nos ensina lições através de acontecimentos pequenos, mas que, juntos, formam quebra-cabeças valiosos... E foi exatamente o que me aconteceu nos últimos dias.

Você deve estar se perguntando o que diabos tem a ver o título desse post... Dá cá a mão que te explico.

Dia desses, recebi de uma pessoa muito querida essa fofura de imagem do Snoopy que está no início do post. E depois de nossa conversa, fiquei dias pensando no quanto duvidamos no nosso próprio valor. No quanto precisamos ser valorizados pelo outro, mas nos esquecemos de valorizar a nós mesmos. No quão pouco amor-próprio nos resta depois de darmos todo o amor que temos para nossos desejos.

Na mesma semana, fui assistir ao novo filme da Cinderela com duas amigas queridas. Uma de nossas conversas se baseava no quão difícil seria encarar a realidade depois daquele conto de fadas tão lindo.

Uns dias depois, me deparei com essa imagem da Carrie [minha Drama Queen favorita], e comecei a me questionar sobre o nosso medo de não sermos perfeitos o suficiente para o outro.

E então veio o Outono, minha estação favorita, e que sempre me faz refletir [e voltar a escrever no blog]...

Nos cobramos tanto, nos preocupamos tanto com a perfeição, com ser o máximo que podemos ser, que acabamos nos esquecendo de apreciar quem somos e o que temos...

Não que eu queira defender uma atitude conformista diante da vida. Do tipo "Ah! Deixa eu me conformar com o que tem pra hoje, que 'tá bom.". Péra lá que não é assim... Eu só questiono essa nossa humana mania de sempre achar que pode ser melhor, e esquecer de que já é bom o suficiente.

Tudo bem querer uma casa melhor, um emprego mais bem remunerado, um namorado bonito, um corpo bacana, um cabelo de propaganda de xampu. Querer é bom, nos motiva, nos faz continuar lutando.

O problema é quando esse querer nos impede de ver e valorizar a quantidade de coisas boas que já temos. O ruim é quando nossos desejos nublam nossa visão a ponto de não nos deixarem apreciar aquilo que já conquistamos...

Se eu passar a vida pensando no quanto o futuro pode ser maravilhoso, ou então com saudades do passado, vou perder um presente que pode ser construído, e, mais do que isso, amado.

Ao nos olharmos no espelho [seja o de vidro, seja o da alma], sempre procuramos pelos defeitos. É raro que apreciemos o quanto nossos olhos são brilhantes, o quanto nossa boca tem um formato bonito, o quão gentis e criativos somos. Em vez disso, franzimos a testa ao ver aquela ruguinha tomando forma, odiamos nossa preguiça, ficamos bravos com aquela parte do cabelo que insiste em não parar no lugar, achamos que não somos inteligentes o bastante.

Não acho que precisemos fechar os olhos para os defeitos, mas sim que precisamos olhar pra nossa vida com olhos mais gentis.

Sua namorada pode não ter o corpo de Panicat e o rosto da Angelina Jolie, mas ela sorri pra você como se você fosse a pessoa mais especial do mundo todo; ela faz carinho nos seus cabelos com doçura; ela apoia até suas atitudes mais bobas e ri das suas piadas mais sem graça.

Seu namorado pode não ter os olhos e o sorriso do príncipe encantado da Cinderela, mas quando ele te abraça o mundo inteiro fica mais bonito; ele te faz rir até das coisas mais bobas; ele te apoia mesmo quando você está no máximo da TPM e diz que você é bonita, não importa o tamanho do seu jeans.

Você pode não ser tão inteligente quanto o Hawkings, ou tão empreendedor quanto o Jobs, ou tão talentoso quanto a Meryl Streep, ou tão engraçado quanto o Marcelo Adnet, ou tão [insira aqui uma característica que você aprecie] quanto [insira aqui uma pessoa que possua essa característica], mas você está aí, vivo, saudável, rodeado de coisas e pessoas que são importantes e especiais pra você.

Pare, por um minuto, pra pensar no quanto você já batalhou pra estar onde está.

Aprecie a vista do seu reino, das coisas que você conquistou, das pessoas que iluminam seus dias.


Não está contente com o que tem ou o lugar aonde chegou? 'Bora fazer alguma coisa pra mudar isso, mas sem esquecer que você é, SIM, bom o suficiente!

Não se esqueça de que você está rodeado de pessoas que estão ao seu lado não pelo que você será um dia, mas pelo que você é agora. Aprenda a gostar de quem você é, a acreditar que você é capaz e a apreciar aqueles que estão ao seu lado.

Não é porque não tenho aquela bendita cintura da Cinderela, nem a fada madrinha mais legal do universo e nem o príncipe mais lindo da história dos filmes dos contos de fadas que irei achar que só tendo tudo isso poderei ser feliz.

Eu tenho aquilo de que necessito e sou o resultado daquilo que faço. E se eu não tenho mais ou não sou mais, paciência. Se isso incomoda, preciso mudar, mas antes, preciso saber o porquê incomoda.

Será que incomoda só porque é o que não tenho? Será que incomoda porque o mundo diz que devo me incomodar? Ou será que incomoda porque não sou capaz de enxergar?

Não deixe de ter orgulho do que é, daqueles que estão ao seu lado e do que você tem.

Não se desespere porque não é perfeito. Ninguém é e nunca será perfeito! Cinderela é linda, tem uma cintura do tamanho de um biscoito globo, um príncipe delícia, mas é órfã. Assim como o Batman, o cara mais rico, gostoso e inteligente de Gothan City.

Os contos de fadas deveriam nos mostrar que, apesar das dificuldades, é possível ser feliz, e não que só podemos ser felizes se formos lindos, rycos e famosos e ainda tivermos em nossa cama o príncipe mais gato da paróquia.

Por isso gosto tanto do Outono...

Apesar de as folhas caírem, as árvores continuam orgulhosas daquilo que produziram. Elas não se deixam dobrar pelos ventos, e não derramam lágrimas pelas flores que já cumpriram seu papel. Pelo contrário, elas continuam fazendo seu trabalho, orgulhosas do que são, e esperando pelas novas flores, que iniciarão novos ciclos.

Assim é nossa vida, um constante ciclo de perder para ganhar... Um infinito recomeço...

Basta que tenhamos coragem o suficiente para seguir em frente, e gentileza o suficiente para apreciar os presentes que temos nas mãos...

"Have courage and be kind", dizia a mãe da Cinderela. E eu digo o mesmo para todos nós: sejamos corajosos o bastante para mudar o que não nos faz bem, e gentis o suficiente para apreciar o que somos.

[Observação: todas as imagens foram retiradas do Pinterest]

3 comentários:

  1. Que bom que os ventos de outono te trouxeram de volta.
    Estávamos com saudades. Lindo texto.
    Bjs
    http://garotoliterato.blogspot.com.br/

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  2. Uau, Patty!! Continue escrevendo esses textos incríveis no seu blog... Amo seu jeito de ser!!

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'Brigada por ter me dado um 'cadinho do seu tempo!
Assim que possível, respondo, viu!
Beijo procê!